sábado, 6 de agosto de 2011

Borussia Dortmund - Campeao Renovado


Não é fácil vencer a Bundesliga quando se concorre com um Bayern de Munique. Para chegar lá, enquanto o Wolfsburg (campeão em 2008-09) turbinou seu elenco com a grana da VW, a receita que transformou o Borussia Dortmund no novo campeão alemão foi totalmente oposta, valorizando jogadores jovens e ascendentes. Foi assim que, de forma irretocável, o Dortmund venceu seu sétimo título nacional - o primeiro desde 2002.
A chegada de Jürgen Klöpp
A montagem de um Borussia Dortmund novamente campeão começou em maio de 2008, com a chegada do técnico Jürgen Klopp, credenciado por suas boas campanhas no comando do Mainz. Jovem (atualmente, 44 anos) e adepto do jogo vertical, Klöpp seria o responsável por guiar um clube acostumado a grandes troféus (entre 1995 e 2002, foram três Campeonatos Alemães, uma Champions League e um Mundial Interclubes), mas que entrou em decadência esportiva e financeira pouco tempo depois.
Sem dinheiro para contratar grandes reforços, a solução foi confiar em garotos promissores formados no próprio clube ou vindos sem alarde de outros times. Em sua primeira temporada à frente do campeão europeu de 1997, um sexto lugar - avanço significativo em relação ao medíocre 13º conquistado no ano anterior. Em 2009-10, o Dortmund subiu uma posição e terminou em quinto. A evolução desenhava quadros promissores ao time para as próximas temporadas, mas um título ainda não era esperado.
Campanha brilhante
A campanha começou mal, com derrota em casa: 0-2 para o Bayer Leverkusen, em 22 de agosto. Nos 15 jogos seguintes, porém, um número impressionante: 15 vitórias e um empate. O segundo revés só viria mais de três meses após a estréia, contra o Eintracht Frankfurt, no mês de dezembro. Num primeiro turno perfeito, o Dortmund conquistou 43 dos 51 pontos em jogo na primeira metade do campeonato, mantendo um aproveitamento fantástico.
Com média de idade inferior a 23 anos, o time voava. Com exceção do goleiro e capitão Weindenfeller (30 anos) e dos "veteranos" Lukasz Piszczek e Lucas Barrios (25 e 26 anos, respectivamente), todo o restante da equipe base titular nascera, no máximo, em 1988. Até mesmo o volante Kehl e o lateral Dedê, ídolos da torcida e antigos capitães do clube, foram preteridos por jovens. No segundo turno, embora a produção tenha caído em relação ao primeiro, o Dortmund pode comemorar a conquista, maiúscula e incontestável, com duas rodadas de antecipação.
O 4-2-3-1 mortal
Em campo, Klopp implantou um 4-2-3-1que juntava três meias rápidos e habilidosos como Götze, Kagawa e Grosskreutz numa mesma linha, alimentando o centroavante paraguaio Barrios. A trinca foi peça fundamental no desempenho ofensivo do Dortmund, rendendo velocidade e imaginação ao time.
Shinji Kagawa, aliás, foi uma das surpresas da Bundesliga. Oriundo do Cerezo Osaka, chegou discretamente ao futebol europeu após ter sido preterido pelo treinador Takeshi Okada, que não o convocou para a Copa do Mundo. Em sua primeira temporada na Alemanha, era esperado que o meia de 21 anos encontrasse seu espaço aos poucos. Porém, se firmou como titular logo no início do campeonato. Após fazer um primeiro turno irrepreensível, acabou se lesionando. Mesmo assim, terminou a liga com oito gols marcados, sendo um dos vice-artilheiros do time.
Dividindo a vice-artilharia com o nipônico, Kevin Grosskreutz e Robert Lewandowski. Grosskreutz, meia e atacante de 1.87m, foi outro que fez excelente temporada. O bom desempenho rendeu ao nativo de Dortmund suas primeiras convocações à seleção alemã. Já o polonês Lewandowski chegou do Lech Pozan para ser, na maioria das vezes, um reserva de luxo para qualquer um dos quatro titulares ofensivos. Mesmo assim, terminou o campeonato com 33 jogos (iniciando dez deles). Foi importante ao substituir Kagawa, quando o lesionado japonês desfalcou o time por todo o segundo turno.
Completando o trio de meias ofensivos, uma das maiores promessas do futebol alemão nos últimos tempos: Mario Götze. Aos 18 anos, Götze se tornou titular já em sua segunda temporada como profissional. Mais que isso, marcou gols bonitos e decisivos, deu assistências, chamou jogos para si, foi um dos melhores jogadores do campeonato e ainda debutou na seleção alemã. Uma temporada para o meia jamais esquecer.
Melhor defesa da Bundesliga
Observando o desempenho ofensivo de seus meias e o esquema tático utilizado, pode-se ter a falsa sensação de que o Borussia Dortmund 2010-11 era um time defensivamente frágil. Ledo engano. A consistência defensiva da equipe se traduz em números: melhor defesa, com 22 gols sofridos em 34 jogos (média de 0.65 por partida). Para se ter uma idéia da eficiência defensiva amarela e preta, o Mainz, dono da segunda retaguarda menos vazada, sofreu 39 gols.
A dupla de zaga, formada pelos gigantes Mats Hummels (nascido em 1988) e Neven Subotic (sérvio, da mesma idade), foi um colosso. Hummels, desprezado pelo Bayern de Munique, deixou para trás seu passado de zagueiro desengonçado e inseguro para ser, de longe, o melhor defensor do campeonato. Foi ainda eficiente no ataque, balançando as redes cinco vezes. 
Na esquerda da defesa, Marcel Schmelzer não deu a menor chance para a concorrência do veterano brasileiro Dedê, uma bandeira do clube. Schmelzer foi o único do elenco campeão a atuar em todas as 34 partidas da Bundesliga (nem Weindenfeller conseguiu) e sua regularidade na marcação e no apoio lhe credenciam como o melhor lateral esquerdo alemão da atualidade.
No centro do meio de campo, dois jogadores representam bem o equilíbrio defesa/ataque dos novos donos do título: Sven Bender e Nuri Sahin. Bender chegou ao clube em 2009, vindo do 1860 Munique. No entanto, foi na temporada recém-terminada que o volante se firmou como titular, ganhando a disputa com o capitão Kehl. Cão de guarda da defesa, esteve em 31 partidas e é outro que começa a ganhar espaço nas listas de Joachim Low.
Nuri Sahin merece um parágrafo todo seu. Nas mãos de Klöpp, o turco nascido na Alemanha finalmente explodiu e foi o jogador que todos esperavam desde quando subiu aos profissionais, em 2005, e foi o jogador mais jovem da história a atuar na Bundesliga. Volante canhoto e de vocação ofensiva, Sahin foi o termômetro do Dortmund, iniciando as jogadas ofensivas com maestria e ainda marcando belíssimos gols de falta. Com justiça, foi eleito o craque do campeonato. Vendido ao Real Madrid, deverá evoluir ainda mais sob a batuta de José Mourinho, que é fã de seu futebol.
Balanço final e futuro
O saldo final da campanha foi de 23 vitórias, 6 empates e 5 derrotas. Foi o time que mais ganhou e menos perdeu. Os 67 gols marcados transformaram o ataque preto e amarelo no segundo mais positivo da temporada, enquanto a defesa foi a menos vazada, conforme já citado. 
Na próxima temporada, as coisas devem endurecer para o Borussia Dortmund. Os rivais estão se reforçando, haverá Liga dos Campeões no calendário, pesará o status de time a ser batido sobre os jogadores, entre outros testes de um novo campeão. Até onde os garotos de Jürgen Klopp chegarão juntos, é impossível de se prever. Mas que eles já escreveram uma página brilhante na história de um dos maiores clubes da Alemanha, é fato.
Ficha técnica: 
Clube/seleção: Borussia Dortmund
Treinador: Jürgen Klopp
Competição: Campeonato Alemão
Ano: 2010-11


Escalação: Roman Weidenfeller; Lukasz Piszczek, Neven Subotic, Mats Hummels, Marcel Schmelzer; Sven Bender, Nuri Sahin; Mario Götze, Shinji Kagawa (Robert Lewandowski), Kevin Grosskreutz; Lucas Barrios

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