sábado, 9 de junho de 2012

Da Formação dos Clubes para o Euro

Se as seleções de base servem para revelar jogadores para as equipes principais, a Eurocopa é a síntese do sucesso alcançado pelo sistema europeu. Em todas as 16 seleções que buscam o título na Polônia e na Ucrânia, há ao menos um destaque que disputou os torneios continentais de base antes de chegar ao estrelato. Alguns deles, apontados como prodígios desde então, cumpriram as promessas em torno de seus nomes. Wayne Rooney, Petr Cech e Andrea Pirlo são alguns dos exemplos.Obviamente, algumas seleções souberam se aproveitar melhor da base para construir equipes campeãs. E, neste quesito, ninguém supera a Espanha. Fernando Torres entra na lista por ter sido o melhor jogador tanto no Europeu Sub-16 quanto no Sub-19. Outros tantos, porém, merecem suas menções honrosas, como Iker Casillas, Andrés Iniesta e Cesc Fàbregas. Da mesma forma, França e Alemanha souberam trabalhar muito bem suas revelações. Não à toa, chegam com rótulo de favoritas na Euro 2012.

GRUPO A




Lukasz Piszczek (Polônia) - Europeu Sub-19 de 2004
Hoje um dos três bicampeões alemães que formam a espinha dorsal da anfitriã Polônia, o lateral direito do Borussia Dortmund tem histórias a contar. E como meia de perfil bastante ofensivo. Piszczek, há oito anos, teve um de seus melhores momentos como goleador. Membro da Polônia sub-19 que foi eliminada na fase de grupos da etapa final do Europeu, Lukasz ao menos deixou sua marca nas três partidas e fez quatro gols. Apesar da queda, o time que ainda tinha Kuba Blaszczykowski mostrou em Piszczek um jogador impetuoso, artilheiro daquela edição. A Espanha, com gol de Borja Valero, levou o título. 



Giorgos Karagounis (Grécia) – Europeu Sub-21 de 1998
Poucos sabem, mas a geração de ouro da Grécia que conquistou a Euro 2004 foi construída seis anos antes. O time sub-21 capitaneado por Giorgos Karagounis contava com outros nove jogadores que se fariam história em Portugal – entre eles Kostas Katsouranis,também presente em 2012. E o Navio Pirata também surpreendeu em 1998, derrotado pela Espanha na decisão. Herói das quartas de final, o meio-campista marcou o gol da vitória sobre a Alemanha de Michael Ballack. Depois da consagração, foi vendido ao Panathinaikos e começou a fazer suas primeiras aparições na seleção principal no ano seguinte. Além de ter disputado duas edições da Eurocopa, Karagounis também esteve na Copa do Mundo de 2010.





Petr Cech (República Tcheca) - Europeu Sub-21 de 2002
Único titular da seleção tcheca que ainda atua em primeiríssimo nível, Petr Cech chega com moral após as atuações demolidoras nas finais da Liga dos Campeões com o Chelsea. Há 10 anos, entretanto, o goleiro já havia dado mostras de suas capacidades e foi o grande nome do então inédito título europeu sub-21 da República Tcheca. Após grande campanha, Cech brilhou de verdade na decisão contra a França e arrastou um 0 a 0 até a disputa por pênaltis - e pegou dois, além de ver outro acertar a trave. Estava junto de nomes Baros, Jan Polak e Jiranek.




 Aleksei Berezutsky (Rússia) – Europeu Sub-16 de 1999Dentre as 16 seleções presentes na Euro 2012, a Rússia é aquela que conta com jogadores de histórico mais pobre nos europeus de base. A maioria dos convocados disputou as etapas eliminatórias, como Arshavin, Dzagoev e Denisov, mas não ajudaram a equipe a chegar à fase final. O único a ser chamado para a parte decisiva de um torneio foi Aleksei Berezutski. Mas o zagueiro sequer entrou em campo no Europeu Sub-16 de 1999 – curiosamente, seu irmão gêmeo, Vasili Berezutski, é que foi titular. Queimando etapas, Aleksei logo ascendeu à equipe sub-21, pela qual estreou em 2001, mesmo ano em que foi contratado pelo CSKA Moscou. Sua primeira partida na seleção principal aconteceu em 2003 e fez parte do elenco semifinalista na última Eurocopa.







GRUPO B






Mesut Özil (Alemanha) – Europeu Sub-21 de 2009
O “rei de assistências” do Real Madrid nesta temporada já brilhava com essas características desde a seleção alemã sub-21. Em 2009, o meia comandou o Nationalelf ao título da competição com ótimas atuações, sobretudo na final, na goleada por 4 a 0 sobre a Inglaterra, em que marcou gol e foi escolhido o melhor jogador da partida. Essas atuações lhe renderam convocação para a seleção principal ainda em 2009, e no ano seguinte foi chamado para a Copa, para ser titular. Na Euro deste ano, Özil será acompanhado por diversos jogadores daquela equipe, como Neuer, Howedes, Boateng, Hummels, Schmelzer e Kedhira, e chega para ser protagonista mais uma vez. 





William Kvist (Dinamarca) - Europeu Sub-17 de 2002
Anfitriã do Europeu Sub-17 em 2002, a Dinamarca apresentou bons valores naquela competição, entre eles, o volante William Kvist. Mesmo cumprindo suas obrigações defensivas, o menino já apresentava boa saída ao ataque, sendo o vice-artilheiro da seleção com três gols. Na primeira fase, deixou sua marca contra Holanda e Finlândia, e nas quartas de final, fez um dos gols no empate em 2 a 2 contra a Espanha, onde a Fúria venceu nos pênaltis. Kvist foi convocado para a seleção principal pela primeira vez em 2007 e disputará sua primeira Eurocopa. Existe ainda uma grande possibilidade de que o volante reedite uma dupla que fez sucesso há dez anos, jogando ao lado de Niki Zimling na contenção. 





Klaas-Jan Huntelaar (Holanda) – Europeu Sub-21 de 2006
Moldado nas bases do De Graafschap e PSV, Huntelaar chamou a atenção de Louis Van Gaal, então técnico da Holanda que foi ao Mundial Sub-20 de 2001. Cinco anos depois, o ótimo desempenho por Heerenveen e Ajax rendeu a pré-convocação à Copa do Mundo de 2006, mas acabaria fora da lista final. Como “consolação”, foi primordial no título do Europeu Sub-21 daquele ano. Artilheiro e decisivo – marcou duas vezes na final contra a Ucrânia – passou a ser convocado regularmente à equipe principal desde os dois gols na estreia, contra a Irlanda, em agosto de 2006. Vice-campeão mundial em 2010, o artilheiro da última Bundesliga pelo Schalke 04 chega à Euro na reserva de Van Persie





Miguel Veloso (Portugal) – Europeu Sub-17 de 2003
No ano de 2003, Portugal teria em casa a chance de fazer uma boa campanha na segunda edição do agora torneio sub-17. Capitão da equipe, Miguel Veloso foi o grande pilar do sistema defensivo que sofrera na competição apenas cinco gols em cinco partidas. Firme na marcação e tecnicamente acima da média, Veloso foi um dos grandes destaques do Europeu sub-17 daquele ano, ajudando a Portugal a conquistar o título após bater a Inglaterra nas semifinais e a Espanha, de Fábregas e David Silva, na final. Atuando já como volante, destacou-se durante quatro temporadas no Sporting, estreou na Seleção principal em 2007 e transferiu-se para o Genoa. Também no grupo da Copa de 2010, Miguel Veloso disputa a sua segunda Eurocopa. 







GRUPO C






Fernando Torres (Espanha) - Europeu Sub-16 de 2001/Europeu Sub-19 de 2002
Última grande joia revelada pelo Atlético de Madrid, Fernando Torres carimbou seu passaporte rumo aos profissionais após brilhar no Europeu Sub-16 de 2001, quando foi campeão, artilheiro e melhor jogador do torneio. Precoce, estreou pela seleção principal em 2003, não sem antes deixar sua marca decisiva em outra conquista pela base da Fúria: o Europeu Sub-19 - um ano antes, na companhia de Iniesta. Hoje, aos 28 anos e consagrado, mas vivendo um período de baixa, luta para recuperar o apetite de gols que sempre lhe foi característico. 



Andrea Pirlo (Itália) – Euro Sub-21 de 2000.
De técnica magistral, Pirlo iniciou como atacante no Brescia, onde estreou profissionalmente ainda aos 16 anos. Em 2000, mostrou no Euro sub-21 da Eslováquia que realmente seria um craque. Com a "10" às costas e atuando de forma mais ofensiva, foi de vilão a herói após marcar contra a Inglaterra de Lampard, mas ser expulso no jogo diante dos anfitriões. A redenção veio na final com a República Tcheca, ao marcar dois gols, sendo um deles um golaço de falta. Rumou então ao Milan, onde trilhou carreira brilhante já atuando mais recuado em campo. Campeão do Mundo e um dos 10 jogadores que mais vestiram a camisa da Azurra, aos 33 anos o jogador mostrou na Juventus que ainda pode render em alto nível e é a grande referência do time de Prandelli. 



Niko Kranjcar (Croácia) – Europeu Sub-16 de 2001
O polêmico Niko Kranjcar foi o principal destaque da seleção que ficou com o terceiro lugar no Europeu Sub-16 de 2001. Como capitão e jogador chave da equipe, o meio-campista levou o time até a semifinal, mas caiu diante da Espanha, de Fernando Torres. Ainda houve tempo para mais um show do meia, que comandou a vitória por 4 a 1 sobre a anfitriã Inglaterra na disputa do terceiro lugar. Em 2004, Niko chegou à seleção principal, pouco depois de se destacar também no Europeu Sub-21, apesar da eliminação na primeira fase. Apontado como uma das revelações da Copa de 2006, também participou do Mundial de 2010, além da Eurocopa de 2008. 



Robbie Keane (Irlanda) - Europeu Sub-18 de 1998Curtindo no Los Angeles Galaxy o ocaso de sua carreira, o irlandês Robbie Keane já foi promessa de craque. O atacante era o principal nome da Irlanda campeã europeia sub-18, em 1998. Naquele mesmo ano, viria a estreia pelo time principal e, em 2001, uma transferência à Internazionale. Embora sem sucesso no futebol italiano, fez temporadas sólidas pelo Tottenham e jamais perdeu a condição de principal atacante da Irlanda; mais que isso: é o maior artilheiro da história da seleção, com 53 gols. Perto de completar 32 anos, é o capitão e referência da equipe de Giovanni Trapattoni.






GRUPO D






Artem Milevskiy (Ucrânia) – Europeu Sub-21 de 2006 Nascido em Belarus, a naturalização ucraniana veio após o destaque na base do Dynamo Kiev, para onde se transferiu
aos 17 anos. A luta para que defendesse a Ucrânia, após longas negociações entre as duas federações – chegou a defender a seleção bielorrussa sub-16 – daria frutos. Semifinalista do Europeu Sub-19 de 2004, brilharia intensamente dois anos depois, no torneio continental sub-21, no qual foi vice-campeão e principal jogador da Ucrânia. Poucas semanas depois, o avante foi chamado para a Copa de 2006. Há dez temporadas no Dynamo, o atacante é referência no país, mas ainda não viu a carreira decolar rumo a um centro europeu mais relevante.



Samir Nasri (França) - Europeu Sub-17 de 2004
Samir Nasri é um dos pilares da “Génération 1987”, como ficou conhecida a safra francesa que conquistou o Europeu Sub-17 em 2004. Vestindo a camisa 10, o meia teve participação decisiva no torneio, sobretudo no mata-mata. Além de deixar sua marca na vitória por 3 a 1 sobre Portugal na semifinal, foi dele o gol que garantiu a vitória sobre a Espanha na grande decisão. Estreou pela seleção principal em 2007 e disputou a Eurocopa no ano seguinte, mas ficou fora da Copa de 2010 por conta de uma “rixa” com William Gallas e Thierry Henry. Agora sob o comando de Laurent Blanc, Nasri é titular absoluto e já envergou até mesmo a braçadeira de capitão dos Bleus. Na Euro, ele reencontrará velhos companheiros da Génération 1987, como Benzema, Ben Arfa e Ménéz. 





Wayne Rooney - Europeu Sub-17 de 2002
Principal jogador da Inglaterra no Europeu Sub-17 de 2002, Wayne Rooney tinha a difícil missão de liderar a seleção rumo ao primeiro título na categoria. O camisa 9 brilhou, foi o artilheiro e acabou eleito como melhor jogador do torneio, mas não conseguiu chegar à final. Dos cinco gols, três foram na decisão do terceiro lugar contra a Espanha, que tinha Soldado e David Vila (um ano mais novo). No ano seguinte, o atacante já passou a fazer parte da seleção principal, quebrando o recorde como o mais jovem a vestir a camisa do English Team. Já na Eurocopa de 2004, foi titular e protagonista da equipe. Fechou a campanha com quatro gols e acabou eleito para a seleção do torneio.





Ola Toivonen (Suécia) – Europeu Sub-21 de 2009
Membro da seleção sueca desde os 17 anos, o grandalhão Toivonen foi destaque, junto com Marcus Berg, no Europeu Sub-21 de 2009, quando a Suécia foi a anfitriã. O atacante fez três gols na campanha que parou nas semifinais contra a Inglaterra. Negociado com o PSV pelo Malmö logo após o torneio continental, o jogador mostrou nítida evolução na equipe holandesa, entrando aos poucos até se tornar titular na atual temporada. Na seleção nacional, Toivonen marcou duas vezes nos últimos três amistosos e pode dar muito trabalho, ao lado de Ibrahimovic, às defesas adversárias no Grupo D. 






Fonte: Olheiros