No bate-papo que poderá ser conferido abaixo, o técnico analisa a atual fase do futebol no país dos sheiks, a passagem de Felipe pelo mesmo e atual forma física e técnica de Juninho Pernambucano, que segundo ele ainda dará muitas alegrias para a torcida cruzmaltina. Confira:
1- Fale um pouco sobre sua carreira. Como ela começou? Por quais clubes o senhor passou? Quais títulos já conquistou? Quais os melhores jogadores com quem o senhor já trabalhou?
Como jogador, passei por diversos clubes: São Cristóvão, Botafogo FR-RJ, Croix (França), Madureira-RJ, Americano de Campos-RJ e parei cedo, no Arraial do Cabo-RJ, onde iniciei minha carreira fora de campo, pois devido a minha altura (1m78) estava muito difícil continuar jogando como goleiro em times de ponta. Optei em participar dos Cursos da Academia Brasileira de Futebol (órgão filiado a Fifa) e iniciar minha carreira fora do campo: Seleção Sub-15 da Austrália, Seleção Sub-17 dos Estados Unidos, Cianorte E.C. (Paraná), C.F. Zico (Paraná), Botafogo F.R., Seleção de Trindad e Tobago, Santos F.C. (Angola), La Sierra University (USA), América FC (RJ), Macaé Esporte (RJ) e Al Gharafa foram clubes e seleções por onde passei e conquistamos alguns títulos:
• Campeão do Torneio de Sidney – Seleção da Austrália – 1994,
• Campeão da Copa Paraná – Cianorte E.C.- 1997
• Campeão da Copa Norte Paraná – Cianorte E.C - 1997
• Tetracampeão Juvenil – Botafogo F.R. – 1998
• Tricampeão de Juniores – Botafogo F.R. 98,99 3 2001
• Campeão de Angola (3ª Divisão)- Santos Futebol Clube de Angola - 2002
• Campeão de Angola (2ª Divisão) – Santos Futebol Clube de Angola- 2003
• Campeão do 1o Turno do Campeonato Capixaba - 2005
• Vice-campeão dos EUA – Liga Universitaria – La Sierra University - 2005
• Campeão da Liga do Qatar – Al Gharafa Sports Club – 2007/2008
• Campeão da Copa do Qatar – Al Gharafa Sports Club – 2007/2008
• Campeão da Star Cup do Quatar- Al Gharafa Sports Club - 2009/2010
• Campeão do Campeonato Nacional do Qatar - Al Gharafa Sports Club - 2009/2010
• Campeão da Copa do Principe - Al Gharafa – 2009/2010
Os melhores jogadores com quem trabalhei foram: Fernandão (que estava no São Paulo FC), Araújo (hoje, no Fluminense FC), Léo Moura (hoje, no CR Flamengo), Léo (hoje, no Santos FC), Tim Cahill (Austrália) e, na minha opinião, um dos melhores trabalhei no último ano: Juninho Pernambucano.
2- Quando se iniciou sua trajetória no futebol do Qatar?
Iniciamos na temporada 2007/2008, quando o clube nos trouxe para participar de um projeto de formação de novos jogadores. O objetivo era melhorar os resultados na base do clube e também formar jogadores para a equipe profissional após cinco anos. Acredito que o trabalho venha obtendo sucesso antes do previsto, pois nos últimos três anos o clube vem sendo eleito pela Federação de Futebol do Qatar como o melhor trabalho de base do País e com diversos jogadores passando a jogar pelas seleções de base. Além de agora, com a chegada do Bruno Mitsu (treinador francês), os jogadores da base começarem a ter oportunidade de jogar no time principal.
3- Como o senhor vê o grande número de jogadores brasileiros atuando na liga do Qatar? Isso mostra a vontade dos 'sheiks' em investir no futebol local? Quais fatores são responsáveis por esse fato?
O objetivo é tornar o futebol do Qatar mais competitivo. Eles têm procurado trazer os melhores jogadores do futebol mundial para o País, pois isso, além de atrair mais público para os estádios, isso faz com que as crianças, que serão o futuro do País, vejam um futebol de qualidade e desejem no futuro fazer parte dessa modalidade. O Brasil por ser um país com inúmeros jogadores formados e de qualidade atraem os árabes, pois além de ter qualidade se adaptam mais facilmente ao clima e ao futebol do País. O objetivo maior do Qatar, hoje, é trazer os melhores para trabalhar aqui, pois eles poderão ajudar no processo de formação dos jogadores para a Copa de 2022 que será aqui.
4- Muitos jogadores que retornaram ao futebol brasileiro após algumas temporadas no Qatar demoraram para voltar a jogar tudo que sabe. Isso acontece por qual motivo? É questão física ou técnica?
Creio que isso seja normal. Jogadores que atuaram na Europa e voltam ao Brasil tambem sentem um pouco de dificuldade. Acredito que o motivo maior, e normal é a questao de entrosamento no time, pois como você está chegando demora um pouco para saber onde está seu companheiro de time, como ele se movimenta com a posse ou sem a bola. Fisicamente, apesar de muitos falarem que se treina pouco no mundo árabe, isso não é verdade. A sessão de treino aqui é do mesmo tempo de duração que no Brasil e Europa. A questão aqui é que se prima pela qualidade do treinamento e não pela quantidade. Por ser um país de clima quente não se treina em dois períodos, somente na parte da tarde. Isso faz com que o jogador também chegue para treinar mais inteiro e com vontade de trabalhar.
5- Felipe e Thiago Neves, que voltaram recentemente do Futebol árabe, foram os grandes do Campeonato Carioca de 2011. Puxando mais para o lado do Vasco, o que o senhor poderia falar sobre o Felipe? Como foi a passagem dele pelo futebol do Qatar? Como o senhor vê o atual momento do mesmo no futebol brasileiro?
O Felipe fez história no Futebol do Qatar e ganhou tudo! Foi o jogador que mais jogou pelo time dele. Não ví o Felipe machucado ou fora de jogo aqui por qualquer motivo. Ele foi um jogador que deixou saudade entre os árabes, pois foi um atleta que deu qualidade ao meio-campo do Al Saad (equipe que ele jogou) e ainda fazia muitos gols. Após a saída dele, o clube não ganhou mais nada e como falei anteriormente, hoje ele já está adaptado ao futebol brasileiro e vem se tornando destaque no time do Vasco nos últimos jogos, pois tem se movimentado bastante. Já o Thiago, tinha as mesmas caracteristicas aqui na Arábia Saudita e deu continuidade ai no Brasil durante o Campeonato Carioca. São grandes jogadores, mas o Felipe aqui no Qatar, além de jogador foi um atleta que fora do campo se cuidou muito e vivia sempre ao lado da família. Esses foram fatores que o ajudaram muito a ser e continuar sendo um dos jogadores mais consagrados do futebol.
6- Um dos maiores ídolos do Vasco, Juninho Pernambucano, acertou recentemente o retorno ao futebol brasileiro. Muitos não acreditam que ele possa dar certo. O senhor, que convive diaramento com o atleta, acredita que ele pode jogar um futebol competitivo no Brasil?
Eu tenho a certeza absoluta que ele deu, dá e sempre dará certo em qualquer time do mundo. O Juninho Pernambucano é um atleta que se cuida e nunca teve nenhuma contusão séria em toda sua carreira. É o primeiro a chegar e o último a sair de campo. Com relação à parte técnica, a passagem dele na França deu muita experiência no que diz respeito ao posicionamento dele em campo e a prova disso é que ele era o jogador que dava mais assistência ao ataque no time do Lyon durante todos os anos. No Qatar, recentemente, ele jogou duas prorrogações em menos de um mês, além de possivelmente ser eleito o melhor jogador da Liga do Qatar. Um jogador que corre de 7 a 10km por jogo em uma competição que tem Keita (africano, ex-Lille-FRA), Marcinho (ex-Flamengo), Leandro (atacante que foi artilheiro do Campeonato Japonês), Kone (ex-Olimpique de Marselhe-FRA), Dindabe (ex-Portsmouth-ING) entre diversos outros jogadores de qualidade, tem muito a contribuir para o futebol. Lógico, que ele não vai chutar do meio campo e fazer gol. Mas, acredito que de três faltas próximas da área, uma ele poderá fazer o gol e garra, luta e entrega nunca faltou ao Juninho Pernambucano. No Vasco nao será diferente.
7- Não se discute a qualidade técnica do Juninho, mas por outro lado a parte física, como já citado acima, vem prejudicando alguns atletas no retorno ao futebol brasileiro. O senhor acredita que o Juninho sentirá esse fator físico ou acredita que já chegará a jogando tudo que sabe?
Acredito que ele chegará fisicamente e tecnicamente bem. Até mesmo porque, mesmo após o fim da Liga, ele continuará treinando aqui conosco para manter a forma. Mas, como ele só poderá jogar no fim de julho ou agosto, o Vasco, através dos excelentes profissionais que tem em sua comissão técnica e com o treinador Ricardo Gomes – que é profundo conhecedor de futebol –, já tem um planejamento montado para quando ele chegar participar de alguns jogos treinos para que seja mantida e até melhorada a condição do jogador para que a torcida veja o seu grande ídolo bem dentro de campo.
8- Por fim, que mensagem você deixaria para a torcida vascaína que aguarda ansiosa o retorno do 'Reizinho'?
Torcida vascaína, apoie o time do início ao fim do jogo e principalmente dêem apoio ao Juninho Pernambucano para que ele jogue com tranquilidade e sem cobrança de que ele sozinho resolva dentro do campo. O Vasco tem um grupo de qualidade, onde todos tem sua importância dentro do grupo. O Juninho tem qualidade e podem ter certeza de que ninguém mais do que ele quer fazer o melhor para o clube. Vá ao estádio e torça do começo ao fim e pode acreditar que o Juninho está voltando, não porque está no fim de carreira, mas sim para cumprir uma promessa que ele fez de que voltaria ao Vasco da Gama, já que se ele quisesse, poderia continuar aqui no Al Gharafa, uma vez que tinha proposta para seguir. Mas, o desejo do Juninho e a vinda do presidente Roberto e do Olavo Monteiro (presidente da Assembleia Geral) foram fundamentais para que isso acontecesse nesse momento. Portanto, apoiem o jogador que poderá dar muitas alegrias ao time e apoiem o grupo de jogadores que vão fazer o melhor para que o Vasco da Gama obtenha os melhores resultados nesse Campeonato Brasileiro.
Acesse o site do Leonardo Vitorino e saiba mais sobre o Futebol Árabe: www.leonardovitorino.com
Fonte: SUPERVASCO.COM - Respeite os créditos » Editada por Carlos Gregorio Júnior
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