PERÍODO DE PRÉ TEMPORADA ADEQUADO
Para destacar a importância de uma pré-temporada bem feita, foram utilizadas pesquisas realizadas na área de medicina do esporte e, mais especificamente, da fisiologia. Estes estudos indicam que quando o período (estimado entre 4 e 6 semanas) de preparação
básica da equipe não é respeitado, compromete-se a construção de uma base fisiológica sólida e aquisição das reservas energéticas que permitirão aos atletas sustentar, em alto nível, todas as exigências de uma temporada longa e intensa.
básica da equipe não é respeitado, compromete-se a construção de uma base fisiológica sólida e aquisição das reservas energéticas que permitirão aos atletas sustentar, em alto nível, todas as exigências de uma temporada longa e intensa.
O curto período de preparação não possibilita, entre outros quesitos, corrigir determinados desequilíbrios funcionais e neuromusculares dos jogadores, acumulados em temporadas anteriores ou advindos do próprio período de férias. Dependendo das características
individuais dos atletas, estes desequilíbrios poderão ser maiores ou menores, mas muito provavelmente em boa parte, eles searrastarão para toda a carreira do futebolista, trazendo malefícios e sequelas, pouco ou nada consideradas quando se organiza os calendários.
individuais dos atletas, estes desequilíbrios poderão ser maiores ou menores, mas muito provavelmente em boa parte, eles searrastarão para toda a carreira do futebolista, trazendo malefícios e sequelas, pouco ou nada consideradas quando se organiza os calendários.
O quadro comparativo entre os calendários europeu e brasileiro apresentado abaixo é também esclarecedor, quando observadas as diferenças de dias entre o último jogo da temporada anterior e o primeiro jogo da próxima temporada. (*)
Esta realidade deixa evidente que, em um ambiente onde as exigências de performance são enormes, é praticamente impossível manter-‐se altos níveis de rendimento (dos atletas e das equipes brasileiras) durante toda a temporada.
A longo prazo os prejuízos acumulados são igualmente nefastos, afetando também o nível dos jogos, tornando-‐os menos atraentes, com jogadores mais cansados, e claro, carreiras atléticas de alto nível competitivo encurtadas.
Confira abaixo a média de jogos, nos últimos cinco anos, entre algumas das principais equipes brasileiras comparada com a média de algumas das principais equipes europeias:
Portanto, não é difícil concluir que o calendário atual do futebol brasileiro não possibilita um período básico de pré-‐temporada e, consequentemente, inibe os processos que poderiam levar o futebol ao seu melhor desenvolvimento técnico, tático, mercadológico e econômico.
MÁXIMO DE 7 JOGOS A CADA PERÍODO DE 30 DIAS
Quando se planeja um calendário é preciso considerar que, além da adequação aos intervalos entre um jogo e outro, é necessário levar em conta as longas viagens associadas à sequência cumulativa de jogos que dificultam a recuperação completa dos jogadores, tanto nos aspectos fisiológicos quanto nos psicológicos e emocionais.
Em se tratando do Brasil, os responsáveis e organizadores do futebol e seus calendários devem considerar que, por questões geográficas, associadas a variáveis logísticas de viagens, clima e qualidade dos gramados, o
desgaste sofrido por um jogador é ainda maior do que aquele normalmente considerado como “padrão”. É preciso preservar a integridade física e, de forma mais ampla, a saúde dos atletas. Por isso, é necessário pensar em todos
os problemas e dificuldades que enfrenta o futebol brasileiro hoje em dia e, de forma sustentável, buscar as soluções em conjunto, com todos aqueles que possuem real interesse em preservar e desenvolver o futebol.
desgaste sofrido por um jogador é ainda maior do que aquele normalmente considerado como “padrão”. É preciso preservar a integridade física e, de forma mais ampla, a saúde dos atletas. Por isso, é necessário pensar em todos
os problemas e dificuldades que enfrenta o futebol brasileiro hoje em dia e, de forma sustentável, buscar as soluções em conjunto, com todos aqueles que possuem real interesse em preservar e desenvolver o futebol.
Utilizando um exemplo atual: o São Paulo F.C. deverá terminar a temporada de 2013 com 79 jogos oficiais disputados. Caso realizasse uma temporada onde conseguisse todas as classificações, chegaria à absurda marca de 87 jogos.
A título de ilustração, o quadro abaixo demonstra algumas das consequências que o atual calendário brasileiro impõe aos atletas, com prejuízos para as suas equipes e ao futebol de forma geral.
Todas estas consequências que impactam nos atletas estão interligadas, provocando uma diminuição geral do rendimento esportivo. Por isso, é preciso ficar claro que a desgastante sequência de partidas às quartas e aos domingos gera, inevitavelmente, uma queda drástica na qualidade do jogo e do espetáculo como um todo.
Os quadros abaixo demonstram a quantidade do número de semanas com dois jogos dos clubes brasileiros e europeus, e deixa evidente a desgastante sequência de semanas seguidas (13) em que jogam às quartas e aos domingos, os clubes brasileiros.
Utilizando-‐se das 13 semanas consecutivas com jogos aos meios de semana e aos domingos (demonstrado acima) e considerando uma programação padrão (quadro abaixo) de um grande clube brasileiro exposto a dois jogos por semana, nota-se que, atualmente, sequer a Lei é respeitada. O artigo 28, parágrafo 4º, inciso IV, da Lei 9.615/98, com as alterações introduzidas pela Lei 12.395/11 é taxativo ao afirmar que o atleta tem direito a: "repouso semanal remunerado de 24 (vinte e quatro)
horas ininterruptas, preferentemente em diasubsequente à participação do atleta na partida, prova ou equivalente, quando realizada no final de semana". Nota-‐se que, após a realização de uma partida, é garantido ao atleta o direito de 24 horas ininterruptas
de repouso, o que não ocorre no Brasil.
horas ininterruptas, preferentemente em diasubsequente à participação do atleta na partida, prova ou equivalente, quando realizada no final de semana". Nota-‐se que, após a realização de uma partida, é garantido ao atleta o direito de 24 horas ininterruptas
de repouso, o que não ocorre no Brasil.
A média dos últimos três anos do número de folgas completas (24 horas ininterruptas) obtidas por atletas de uma grande equipe brasileira de alta performance no país chega a ser assustadora quando comparada ao trabalhador brasileiro. A quantidade média de folgas dos brasileiros é de 100 dias por ano, enquanto a dos atletas é de 21 dias, conforme o quadro abaixo:
É claro que a profissão de jogador profissional de futebol é cheia de particularidades e especificidades e o objetivo do Bom Senso F.C. não é exigir as mesmas 100 folgas anuais de um trabalhador comum, mas é indiscutível que um atleta profissional,
de qualquer modalidade, não conseguirá se manter no alto rendimento durante toda a temporada se obtiver o descanso de somente 21 dias ao ano.
de qualquer modalidade, não conseguirá se manter no alto rendimento durante toda a temporada se obtiver o descanso de somente 21 dias ao ano.
PRESSUPOSTOS PARA UM NOVO CALENDÁRIO
Necessidade de equilíbrio na quantidade de jogos que preserve, ao mais alto grau possível, a integridade física dos atletas e permita que, com pré-‐temporadas racionais, treinamentos adequados, período de férias suficiente, entre outros cuidados, os atletas possam jogar na plenitude de suas potencialidades ou possibilidades.
- Necessidade de se buscar condições efetivas para que a grande maioria dos clubes, principalmente os de médio e pequeno portes, possa jogar durante toda a temporada, permitindo que os jogadores consigam exercer a sua profissão de forma
digna e, ao mesmo tempo atraente ao público, sustentando estrategicamente a base que fornece jogadores para o mais alto escalão de rendimento. - Necessidade de se respeitar as datas FIFA para que não haja jogos de competições estaduais ou nacionais durante esses períodos.
UMA ANÁLISE CRÍTICA SOBRE O CALENDÁRIO ATUAL
Conforme demonstrado no quadro abaixo, dos 641 clubes brasileiros que disputam as primeiras, segundas, terceiras e quartas divisões estaduais, apenas 15,8% possuem um calendário que os mantenham em atividade durante o ano inteiro).
*88 clubes brasileiros disputam Copas Estaduais, sendo que: em São Paulo a Copa vai de julho a novembro e conta com 27 clubes; o Rio de Janeiro a Copa vai de setembro a novembro e conta com 25 clubes; no Rio Grande do Sul a Copa
vai de agosto a outubro e conta com 32 clubes, em Santa Catarina a Copa vai de outubro a dezembro e conta com 12 clubes e na Bahia a Copa vai de setembro a novembro e conta com 8 clubes. Se considerarmos as Copas Estaduais como
complemento de calendário, ainda teremos 452 times, ou 70% dos clubesprofissionais, sem um calendário que os mantenha em atividade o ano todo.
vai de agosto a outubro e conta com 32 clubes, em Santa Catarina a Copa vai de outubro a dezembro e conta com 12 clubes e na Bahia a Copa vai de setembro a novembro e conta com 8 clubes. Se considerarmos as Copas Estaduais como
complemento de calendário, ainda teremos 452 times, ou 70% dos clubesprofissionais, sem um calendário que os mantenha em atividade o ano todo.
Guardadas as devidas proporções destes dois distintos níveis de prática do futebol profissional, em ambos os casos há um incontestável comprometimento no equilíbrio de participação de todos os clubes (uns com muitos e excessivos jogos e
outros com poucos e desinteressantes jogos). Para que se abrace todos os níveis de atuação e participação do futebol brasileiro, e democratize sua prática, se fomente sua importância como patrimonio sócio-‐educacional e cultural,
deve-‐se entender que apenas alguns no país buscarão e desenvolverão o alto rendimento, fundamental para que o Brasil, país pentacampeão do mundo, volte a ter um lugar de destaque no cenário mundial. Porém,
deve-‐ se construir alicerces sólidos e estratégias inteligentes que não impeçam ou excluam centenas de clubes do país do direito de disputar e participar de competições que ofereçam condições de se conduzir o futebol profissional, de
forma digna e sustentável, aos quatro cantos do Brasil.
outros com poucos e desinteressantes jogos). Para que se abrace todos os níveis de atuação e participação do futebol brasileiro, e democratize sua prática, se fomente sua importância como patrimonio sócio-‐educacional e cultural,
deve-‐se entender que apenas alguns no país buscarão e desenvolverão o alto rendimento, fundamental para que o Brasil, país pentacampeão do mundo, volte a ter um lugar de destaque no cenário mundial. Porém,
deve-‐ se construir alicerces sólidos e estratégias inteligentes que não impeçam ou excluam centenas de clubes do país do direito de disputar e participar de competições que ofereçam condições de se conduzir o futebol profissional, de
forma digna e sustentável, aos quatro cantos do Brasil.
TODOS PERDEM COM O ATUAL CALENDÁRIO
- Os clubes das principais divisões do Campeonato brasileiro não possuem tempo suficiente para a realização de uma pré-‐temporada adequada, necessária a uma melhor preparação de suas equipes na busca do alto rendimento. Por acumular sequências de jogos às quartas e aos domingos, de janeiro a dezembro, alguns clubes iniciam as competições estaduais com times mistos, priorizam as competições sul-‐americanas
e nacionais e acabam por se desinteressar dos torneios regionais. - Os atletas dos grandes clubes sofrem com o calendário atual, em primeiro lugar pelo desgaste físico devido a quantidade elevada de jogos. Além disso, a maratona de partidas seguidas causa um desgaste psicológico e emocional pois não há
uma pausa adequada onde os atletas consigam se desligar, descansar e dedicar tempo à família e ao lazer. Esse fator, prioritariamente, compromete a qualidade do espetáculo durante toda a temporada, prejudica a saúde física e compromete
a longevidade do atleta. - Esses fatores citados acima acabam por influenciar, de forma significativa, não só na queda do rendimento individual e coletivo da equipe, mas também, no trabalho efetuado pelas comissões técnicas que, ao invés de servir para o aprimoramento
e o desenvolvimento do jogo em si, serve apenas para recuperar e descansar seus atletas. - Como se não bastasse, essas equipes são frequentemente desfalcadas e penalizadas por um número elevado de jogadores contundidos ou lesionados, prejudicando o espetáculo e o nível técnico dos jogos. Além disso, esse alto risco de lesões
ocasionado pelo calendário atual faz com que os clubes tenham que contar com um elenco numeroso, entre 30 e 40 atletas, para aguentar a quantidade desgastante de jogos. Desta forma eleva-‐se também o custo fixo da folha salarial e
aumenta-‐se o risco de inadimplência, prejudicando o futebol de forma generalizada. - Os clubes menores também são prejudicados pelo atual calendário, que tem se mostrado ineficaz na tentativa de atingir seu objetivo de levar os clubes do interior à sua autosuficiência financeira e esportiva. Enfrentar os clubes grandes quatro vezes
por ano, como acontece, por exemplo,no Estado de São Paulo e do Rio de Janeiro, não é suficiente para que os times do interior sobrevivam de formae fetiva e benéfica para o esporte do país. Pelo contrário, ao jogarem um futebol de forma sazonal,
esses clubes não conseguirão apresentar um futebol de alto nível, muito menos desenvolver um trabalho importante para a sustentação da base da pirâmide que deveria fornecer atletas para topo. Somente um novo formato de trabalho que implique
em um calendário que contenha jogos durante todo o ano possibilitará o desenvolvimento do futebol nessas cidades e regiões - Os atletas dos times do interior ficam, no formato atual, expostos a contratos de trabalho de três meses e, corriqueiramente, ao final dos campeonatos estaduais, sofrem com a falta, ou o atraso, de pagamento (problema recorrente). Pior ainda,
esses jogadores sofrem com o desemprego que pode durar todo o restante da temporada. - A TV, os patrocinadores e os torcedores também são lesados pelo sistema vigente, já que algumas equipes jogam as primeiras rodadas dos estaduais com mistos para minimizar o curto período de preparação oferecido pelo calendário,
tornando o campeonato estadual ainda menos vistoso aos olhos do público. Alguns times também iniciam a competição nacional com seus times mistos privilegiando as competições sul-americanas e enfraquecendo o Campeonato Brasileiro.
Historicamente a equipe que vence a Copa Libertadores não briga pelo título brasileiro, assim como quem está nas fases finais da Copa Sul Americana também privilegia tal competição e torna o Brasileirão menos competitivo.